domingo, 9 de outubro de 2011

Turismo responsável

http://mulher.sapo.pt/lazer/viagens/turismo-responsavel-1176434.html


Turismo responsável
Guia prático para transformar as suas viagens em experiências enriquecedoras para si e para o meio ambiente


Sentir o calor do sol, entrecortado pelo toque leve do vento, enquanto, deitada na praia, adormece ao som das ondas do mar...

Percorrer um trilho pouco explorado na serra e maravilhar-se com a paisagem natural... Passear pelo centro histórico de uma cidade, visitar os monumentos e apreciar a gastronomia local...

Se gosta de viajar, dentro ou fora do país, sabe do que falamos. E saberá, também, que qualquer uma destas experiências pode, facilmente, ser estragada por alguns acidentes de percurso. Como um depósito de lixo carinhosamente deixado por visitantes anteriores. A boa notícia é que evitar estas e outras situações está ao seu alcance. Guiados por alguns princípios do Código de Ética Global para o Turismo (CEGT) e dicas da World Tourism Organization e do viajante Gonçalo Cadilhe («O Mundo é Fácil», Oficina do Livro), mostramos-lhe como.

Preservar os recursos naturais e culturais
Durante os primeiros dois meses deste ano, as chegadas do turismo internacional cresceram perto de cinco por cento e, segundo a previsão da World Tourism Organization, em 2020 registar-se-ão 1,6 biliões de chegadas. A par das medidas tomadas por governantes e pela indústria, esta evolução reforça a importância do papel de cada viajante na salvaguarda de recursos como a água e energia, para as gerações atuais e futuras.

Segundo o quarto artigo do CEGT, a atividade turística deve ser gerida de forma a fazer florescer as tradições locais, em vez de conduzir à sua degeneração e estandardização. Visite monumentos, exposições e espetáculos típicos e, ao comprar recordações e alimentos, prefira produtos tradicionais.Proteja a vida selvagem e os habitats naturais tirando fotografias como recordação e deixando apenas pegadas como rasto.

Reduza o consumo de energia. Prefira voos diretos, desloque-se a pé, de bicicleta ou de transportes públicos e opte por alojamentos de impacte ambiental reduzido. Evite o uso e desperdício de plástico. Em alguns países, não é possível tratar este tipo de resíduos.

Por outro lado, evite comprar, vender e consumir produtos com plantas ou animais em vias de extinção, mesmo que sejam típicos. Não leve consigo artefactos naturais ou arqueológicos dos locais que visita. Recuse as novidades que estraguem o equilíbrio ecológico ou cultural do destino.

Respeitar a diferença
O turismo pode contribuir para «o entendimento mútuo e o respeito entre povos e sociedades», afirma-se no primeiro artigo do CEGT, mas para isso é essencial que, ao visitar novos locais, tenha uma atitude tolerante e respeitadora em relação à diversidade de crenças religiosas, filosóficas e morais e a todas as características que tornam cada destino único.

Antes de viajar, informe-se sobre as crenças, costumes e regras de educação local. Esteja atenta aos códigos de vestuário, ostentação de riqueza, ao nível de contacto físico ou afetuoso em público e ao consumo de comida e bebida. Aprenda algumas palavras da língua local, para uma relação mais genuína com as pessoas. Por outro lado, abstenha-se de condutas que possam ser consideradas ofensivas pelas populações locais e de atos que sejam considerados crime. Não compactue com práticas que ponham em causa os direitos humanos.

Apoiar o desenvolvimento local
Melhorar o nível de vida das populações locais, respondendo às suas necessidades, deve ser um objetivo prioritário na aplicação das políticas turísticas.

Os benefícios económicos, sociais e culturais gerados pelas atividades turísticas devem ser partilhados pela população, particularmente através da criação de emprego, direta ou indiretamente, diz-se no quinto princípio do CEGT.

Compre recordações, alimentos e outros objetos produzidos localmente com base nos princípios do comércio justo.

Regateie apenas até ao limite do que considera justo para quem vende. Se quer ajudar, apoie organizações que trabalhem no terreno e invistam no microcrédito, educação e autonomia laboral das populações. Por outro lado, não dê esmolas, estará a alimentar a economia de mendigagem e não compre produtos contrafeitos. Evite aderir a ações de voluntariado pontuais, poderá estar a retirar um posto de trabalho à comunidade.

Texto: Rita Miguel

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