domingo, 30 de outubro de 2011

Cancro mama: Rastreio do cancro da mama

Rastreio do cancro da mama
Em que consistem os programas de rastreio e quando devem ser feitos? As respostas de Ana Paula Avillez, médica imagiologista especialista em Senologia


Os programas de rastreio do cancro da mama consistem na avaliação de mulheres assintomáticas para as classificar como pessoas com alta ou baixa probabilidade de padecerem da doença ou para detectar aquelas que já a têm.

Têm grande utilidade pois a neoplasia da mama é a mais comum na mulher e tem frequentemente um crescimento lento. Por outro lado, a sobrevida das doentes com cancro da mama é fortemente condicionada pelo estadio da doença na altura do diagnóstico, sendo maior nas fases iniciais.

A partir de que idade deve ser iniciado o rastreio?
O cancro da mama é raro abaixo dos 30 anos de idade (apenas 0,3 por cento dos casos), aumentando a sua incidência rapidamente cerca dos 35 anos e continuando a verificar-se ao longo de toda a vida, embora a um ritmo mais lento após a menopausa.

Cabe ao Estado a implementação de programas de rastreio, dado que visam um problema de saúde pública, o que obriga a ter em conta vários factores, entre os quais a incidência da doença de acordo com a idade e a relação custo-benefício.

Assim, há que avaliar a vantagem de rastrear as mulheres de um determinado grupo etário, com todas as implicações monetárias que acarreta e o ganho efectivo na esperança de vida.

É óbvia a consequente variação entre países nos escalões etários englobados nos programas de rastreio, considerando a disponibilidade de recursos financeiros e a esperança média de vida das suas populações.

Tendo em conta a incidência de cancro da mama de acordo com a idade e o seu comportamento biológico habitual, a American Cancer Society (ACS) recomenda o exame médico e a mamografia anual a todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade, associada ao auto-exame mensal.

Não está estabelecido um limite superior de idade, havendo controvérsia relativamente à idade em que os exames de rastreio devem começar a ser realizados com intervalos maiores.

Quais os objectivos dos programas de rastreio?

- Identificar as mulheres que têm a doença para iniciar o tratamento o mais cedo possível, de forma a melhorar o prognóstico, diminuindo as taxas de morbilidade e mortalidade.

- Identificar as mulheres que, embora ainda não padeçam da doença, têm elevada probabilidade de vir a tê-la, tomando-se neste caso medidas de precaução, como por exemplo a realização de exames médicos e mamografias com maior frequência, o encaminhamento em alguns casos para consultas de genética, etc.

Quando o teste de rastreio é aplicado a um grupo grande de pessoas, por exemplo as mulheres da província da Estremadura com idades compreendidas entre os 45 e os 69 anos, chama-se rastreio populacional ou comunitário.

Mas também pode ser aplicado a indivíduos assintomáticos que o procuram espontaneamente ou por proposta do médico, por exemplo as mamografias pedidas habitualmente pelo médico de família como exame de rotina, na ausência de sintomas.

Como se realizam os programas de rastreio populacional?

Define-se a população-alvo, ou seja, no caso do cancro da mama, a faixa etária em que a incidência da doença é suficientemente elevada para justificar a realização de um programa de rastreio.

Por exemplo, no rastreio levado a cabo pela Liga Portuguesa contra o Cancro, englobam-se as mulheres com idades compreendidas entre os 45 e os 69 anos.

As mulheres deste grupo etário, de uma determinada região, são contactadas e informadas acerca do programa e das suas vantagens, sendo-lhes garantido acompanhamento posterior em centros de referência, no caso de ser detectada alguma anomalia.

O exame de rastreio inicial é a mamografia. Se esta não evidenciar alterações e a paciente não apresentar factores de risco, será reconvocada de acordo com o intervalo estabelecido pelo programa de rastreio, que no caso português é de dois anos.

Se houver alguma alteração que precise de ser esclarecida, a mulher é convocada para fazer exames adicionais como por exemplo a ecografia, a biopsia, etc.

As mulheres devem ser alertadas para o facto de a mamografia não diagnosticar 15 a 20 por cento dos cancros, pelo que se notarem alguma alteração no auto-exame, mesmo que o estudo de rastreio tenha sido negativo, devem avisar o médico.

Que resultados se têm obtido?
Têm sido realizados vários programas de rastreio do cancro da mama, nomeadamente na Europa, incluindo em Portugal. Comparando resultados, tem-se constatado que nas mulheres que aderem aos rastreios é maior o número de casos de tumores diagnosticados em fase precoce, com maior probabilidade de sucesso terapêutico e consequente redução das taxas de morbilidade e mortalidade.

Fonte: 34 Copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade, Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em Senologia), editora Academia do Livro

http://saude.sapo.pt/saude-medicina/checkup-prevencao/artigos-gerais/rastreio-do-cancro-da-mama.html

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