domingo, 30 de outubro de 2011

Cancro mama: A radioterapia no cancro da mama/ A quimioterapia no cancro da mama/ A hormonoterapia no cancro da mama/ A imunoterapia no cancro da mama

A radioterapia no cancro da mama
Os casos em que se justifica o recurso a este tratamento, em que consiste e os seus tipos e efeitos secundários


A radioterapia é frequentemente conhecida pelo nome de tratamento com radiações ionizantes. Baseia-se no uso de radiação, que são raios de alta energia, com a capacidade de destruir as células tumorais.

Faz-se habitualmente como complemento nos casos em que foi feita cirurgia conservadora.

Pode ser necessária em outras situações tais como:


- Em alguns casos após a mastectomia, por exemplo em tumores com diâmetro maior ou igual a cinco centímetros, ou com gânglios linfáticos axilares afectados ou que invadiam a pele ou a parede do tórax.
- Em tumores avançados para redução do volume tumoral e posterior cirurgia.
- Em tumores sem indicação cirúrgica.
- Pode também ter indicação no tratamento de metástases, fundamentalmente as ósseas e as cerebrais.

Está, porém, contra-indicada nos seguintes casos:

- Em doenças do colagéneo: lúpus sistémico e esclerodermia.
- Em situações em que foi feita irradiação prévia da mama e/ou do tórax.
- Durante o primeiro e o segundo trimestre de gravidez.

Pode ser aplicada externamente – radioterapia externa –, ou internamente – braquiterapia intersticial. Na externa, ou teleterapia, a habitualmente usada, não há contacto da máquina emissora de radiação com o corpo.

Os aparelhos actualmente usados são os aceleradores lineares de partículas. Podem emitir dois tipos de radiação:
- Fotões, com bom poder de penetração na mama, sendo limitada a dose de radiação na pele.
- Electrões, com baixo poder de penetração, usados para irradiar zonas superficiais.

É feita em ambulatório, sendo os tratamentos habitualmente realizados cinco dias por semana, durante cerca de cinco a sete semanas. A doente, durante a sessão de tratamento, terá de permanecer deitada e imóvel sobre a marquesa do aparelho. Cada sessão tem uma duração aproximada de dez a 15 minutos.

Na radioterapia interna, chamada braquiterapia intersticial, a mama é atravessada por agulhas ligadas por um tubo de transferência a uma fonte radioactiva. Estas agulhas são introduzidas na mama sob anestesia local, ficando fixas a uma placa de plástico perfurado.

O objectivo é irradiar a zona tumoral, poupando o mais possível os tecidos sãos, sendo a área irradiada mais limitada à zona de interesse do que na radioterapia externa, mas funcionando apenas como reforço desta. É habitualmente usada após cirurgia conservadora, sendo que o número de tratamentos é variável.

O tratamento unicamente com radioterapia externa ou a associação das duas, externa e interna, é ponderado caso a caso.

Antes de começar o tratamento de radioterapia, tem de ser feito um planeamento, ou seja, tem de ser estudada a dose e a direcção dos feixes de radiação a aplicar, para irradiar o tumor, poupando o mais possível as estruturas em redor, como o coração e os pulmões, evitando-se assim efeitos secundários.

Com este objectivo, faz-se inicialmente uma tomografia axial computorizada (TAC), para se localizar o tumor e «desenhar» a zona a irradiar. Posteriormente, este exame é usado para fazer a dosimetria clínica, ou seja, uma programação da direcção dos feixes de radiação, das suas dimensões e dosagem.

A dose de radiação é assim modelada ao longo do campo a irradiar, de forma a ser mais intensa nas zonas «alvo» e mínima nos tecidos normais mais próximos. Definem-se gráficos com linhas de isodose que ligam pontos que vão receber a mesma dose de radiação. Por fim, pode verificar-se se a programação feita na dosimetria está correcta, usando-se com este objectivo um aparelho chamado simulador.

Este tem um sistema de radioscopia que permite ver em tempo real, num monitor, as estruturas que irão ser atravessadas pelas radiações durante o tratamento. Para esse efeito, usa feixes de raios X com as direcções programadas para os feixes de radiação, permitindo assim, se necessário, fazer ajustes e correcções antes de iniciar as sessões.

No que diz respeito aos efeitos secundários, é possível destacar:


- O cansaço é um sintoma comum, aumentando com o avançar do tratamento. Pode manter-se durante algum tempo após terminadas as sessões.

- As alterações da pele, embora já sejam evitadas em muitas doentes, são ainda frequentes. Podem aparecer durante ou logo após o tratamento, englobando neste caso o eritema, «vermelhidão», a descamação, a erosão (feridas), o espessamento. Também podem ocorrer algum tempo após o termo da terapêutica, podendo consistir neste caso em espessamento e vasos sanguíneos dilatados (derrames).

As lesões cutâneas geralmente desaparecem gradualmente após terminar o tratamento, embora em alguns casos permaneça por exemplo uma alteração da cor da pele. As medidas a tomar para minimizar estes efeitos secundários indesejados da radioterapia são sugeridas pelo especialista e incluem:

- Exposição da pele ao ar para ajudar a cicatrizar.
- Uso de roupa folgada e de algodão para evitar a irritação da pele.
- Uso de produtos de cosmética adequados, etc.

Outras complicações mais graves, como por exemplo as pulmonares e as cardíacas, são actualmente raras, dada a precisão do planeamento computorizado.

Fonte: 34 Copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade, Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em Senologia), editora Academia do Livro

http://saude.sapo.pt/saude-medicina/saude-no-feminino/artigos-gerais/a-radioterapia-no-cancro-da-mama.html




A quimioterapia no cancro da mama
Médica imagiologista especialista em Senologia esclarece em que consiste este tratamento e quais os seus efeitos secundários


A quimioterapia consiste na utilização de fármacos que destroem as células tumorais. São normalmente administrados por via endovenosa (através das veias). Os medicamentos entram assim na corrente sanguínea, circulando por todo o organismo. Durante a administração não é comum observar-se sintomas. Geralmente não há necessidade de internamento, sendo feito em ambulatório.

A quimioterapia está indicada nos seguintes casos:

- Quando são detectados gânglios invadidos na axila.
- Nas doentes consideradas com alto risco de recidiva, mesmo que não tenham metástases nos gânglios axilares.

Podem ser englobadas no grupo de alto risco de reaparecimento de cancro:
- Mulheres com idade igual ou inferior a 35 anos, independentemente do tumor ter ou não receptores hormonais.
- Mulheres na pós-menopausa se o tumor não apresentar receptores hormonais.
- Mulheres com tumores pouco diferenciados.
- Mulheres com tumores com mais de dois centímetros de diâmetro.
- Quando se detectam metástases em órgãos distantes, como o fígado, os pulmões, os ossos, etc.

A quimioterapia, como se disse anteriormente, pode estar indicada antes ou após a cirurgia, ou ainda, no caso de esta não estar indicada, isoladamente. Pode ser feita em conjunto com outro tratamento, tal como a radioterapia.

A quimioterapia feita antes da cirurgia chama-se neoadjuvante e está normalmente indicada em tumores localmente avançados e na redução do volume tumoral, permitindo assim uma cirurgia menos agressiva, muitas vezes conservadora. Por outro lado, é o único meio de verificar a eficácia dos fármacos seleccionados especificamente sobre o tumor em causa. Assim, antes de remover cirurgicamente o tumor, podemos verificar se o mesmo diminui de tamanho sob a acção dos medicamentos escolhidos, o que significa que, se vier a haver metástases, estas irão regredir.

A quimioterapia administrada após a cirurgia chama-se adjuvante e está geralmente indicada quando há gânglios com tumor ou em tumores maiores que dois centímetros. Tem por objectivo erradicar eventuais focos tumorais com dimensões tão reduzidas que não são detectados pelos meios actuais de diagnóstico. De facto, após alguns anos, aparecem muitas vezes metástases, o que leva a admitir que já existissem na altura da cirurgia, não tendo sido detectadas.

No que diz respeito à duração do tratamento, pode dizer-se que é variável. É planeado caso a caso de acordo com o tipo de tumor e o seu estado de desenvolvimento. Assim, tendo em conta vários factores, são escolhidos os fármacos a aplicar, as suas doses, bem como a periodicidade na sua administração.

Durante o período em que é feita a quimioterapia, são realizadas análises para ver a forma como o organismo está a reagir e assim adaptar a duração e a periodicidade do tratamento. Normalmente são administrados quatro a oito ciclos.

No que diz respeito aos efeitos secundários ou adversos, resultam dos fármacos usados na quimioterapia que, além de actuarem nas células tumorais, agem também sobre as células normais. Estes efeitos não são apresentados por todos os doentes e dependem das drogas usadas e da reacção do organismo. Os mais frequentes são:

Náuseas e vómitos
Aparecem geralmente pelo segundo ou terceiro dia após o tratamento. Podem ser tomadas algumas medidas para os combater, como fazer refeições pequenas e várias vezes por dia, evitar alimentos gordos, mastigar bem, etc. É sempre necessária a administração de medicamentos, antes e depois da quimioterapia.

Alterações intestinais como diarreia ou obstipação
Pode tornar-se necessária a toma de medicamentos. Devem ser evitados os alimentos gordos, bem como o leite e derivados. As refeições devem ser pequenas.

Anemia, baixa das plaquetas e maior susceptibilidade a infecções
Os fármacos usados na quimioterapia afectam as células sanguíneas levando a uma redução das mesmas, o que conduz a anemia, com a correspondente sensação de cansaço, sangramento fácil e aparecimento de «nódoas negras» por baixa das plaquetas e, ainda, maior frequência de infecções por diminuição das defesas do organismo.

Febre

É um sinal de alerta para a presença de infecções que são mais frequentes nos doentes submetidos a quimioterapia como consequência da baixa das defesas do organismo acima referida. No caso de aparecer febre, deve avisar o médico pois pode ser necessário iniciar algum tratamento.

Queda do cabelo e dos pêlos
A queda do cabelo e dos pêlos tem o nome médico de alopecia. Pode ser completa ou moderada. Aparece geralmente pela terceira semana após o primeiro tratamento. É temporária, voltando o cabelo e os pêlos a crescerem após o termo da quimioterapia.

Alterações da pele e das unhas
A nível da pele pode aparecer vermelhidão, descamação e manchas. Também as unhas podem ficar quebradiças, escuras e em alguns casos até cair. Deve ser evitada a exposição ao sol e podem ser usados cremes hidratantes. Estas alterações desaparecem geralmente algum tempo após o termo do tratamento.

Alterações do ciclo menstrual
Sob a acção dos medicamentos usados na quimioterapia há uma redução na produção de hormonas, o que leva a alterações do ciclo chegando muitas vezes à amenorreia, ou seja, à ausência de menstruação. Estas alterações podem ser reversíveis, voltando os ciclos à normalidade após o termo da quimioterapia, sendo contudo a probabilidade de reversibilidade menor nas mulheres mais velhas, que muitas vezes entram defi nitivamente em menopausa.

No caso de permanecer menstruada durante a quimioterapia, saiba que pode engravidar, devendo contudo essa gravidez ser evitada dado que pode provocar anomalias no feto.

Fonte: 34 Copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade, Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em Senologia), editora Academia do Livro

http://saude.sapo.pt/saude-medicina/saude-no-feminino/artigos-gerais/a-quimioterapia-no-cancro-da-mama.html


A hormonoterapia no cancro da mama
Os mecanismos de acção deste tipo de tratamento usado para impedir o estímulo das hormonas nos tumores


Os estrogéneos, hormonas femininas, são produzidos nos ovários e noutros tecidos do corpo, fundamentalmente na pele e no tecido adiposo, sob a acção de uma enzima chamada aromatase.

Na mulher em idade fértil, os ovários são a sua principal fonte de produção. Após a menopausa, com o declínio da função dos ovários, a formação de hormonas mantém-se, embora a níveis mais baixos, fundamentalmente a nível da pele e tecido adiposo.

A hormonoterapia consiste assim em impedir, através de medicamentos, o estímulo das hormonas nos tumores cujo crescimento é estimulado por estas, ou seja, nos cancros com receptores hormonais. Também se pode obter o mesmo efeito através da cirurgia, com a remoção dos ovários, se a mulher se encontrar antes da menopausa.

Depois da menopausa não se justifica a cirurgia porque a produção de hormonas pelos ovários declina. O tratamento a ser usado é ponderado caso a caso. Tal como a quimioterapia, a hormonoterapia actua sobre todas as células do corpo.

Os medicamentos podem ter um de dois mecanismos de acção:
1) Bloqueio dos receptores de estrogéneos, situados no núcleo das células, impedindo a acção da hormona natural sobre o tumor. Encontram-se dentro deste grupo o Tamoxifeno e o Raloxifeno.

2) Redução da produção de estrogéneos pelo organismo, baixando os níveis da hormona na circulação sanguínea, o que pode ser feito através de dois grupos de fármacos: os inibidores da aromatase e os análogos da LHRH.

A hormonoterapia está indicada nos tumores com receptores hormonais, podendo ser realizada nas seguintes situações:

- Posteriormente à cirurgia, como terapêutica adjuvante, para prevenir o reaparecimento da doença, tanto a nível da mama como em locais distantes – metastização.

- No cancro metastizado. Neste caso, tem como objectivo não a cura mas o alívio da sintomatologia e o atraso da evolução da doença.

- Em casos seleccionados, antes da cirurgia, ou seja, como tratamento neoadjuvante.

Em termos de efeitos secundários pode afirmar-se que todos os fármacos usados levam ao aparecimento ou ao agravamento de sintomas da menopausa dado que suprimem a função hormonal. Entre estes, contam-se os afrontamentos, a secura vaginal e o enfraquecimento do cabelo.

Relativamente ao Tamoxifeno, que é um dos fármacos mais usados, possui acção antiestrogénica sobre o tecido mamário, desempenhando assim uma função antineoplásica. Porém, exerce acção estrogénica sobre os lípidos plasmáticos com o consequente efeito cardioprotector, diminuindo o risco de «angina de peito». A nível do osso, prevenindo a osteoporose e sobre o endométrio, estimulando-o, o que leva ao aumento da incidência de cancro do mesmo, o que constitui um efeito adverso.

Outro efeito adverso que possui é o aumento da incidência de tromboembolismo (formação de coágulos que podem originar tromboses). Contrariamente ao Tamoxifeno, o Raloxifeno protege o endométrio. Durante o tratamento, se ainda for menstruada pode ficar grávida, o que deve ser evitado dado que pode ser nocivo para o feto.

Os análogos da LHRH provocam osteoporose com o consequente risco de fracturas. Os inibidores da aromatase, têm também efeito sobre os ossos, condicionando a osteoporose, e provocam artralgias (dores articulares).

Demonstrou-se resistência ao Tamoxifeno e sensibilidade aos inibidores da aromatase em doentes com tumores com quantidade excessiva de HER2.7

Fonte: 34 Copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade, Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em Senologia), editora Academia do Livro

http://saude.sapo.pt/saude-medicina/saude-no-feminino/artigos-gerais/a-hormonoterapia-no-cancro-da-mama.html

A imunoterapia no cancro da mama
O papel da terapia biológica ou molecular no combate a esta patologia


A terapia biológica ou molecular (imunoterapia) consiste em usar fármacos que actuem fundamentalmente nas células cancerosas afectando minimamente as normais, tendo assim menos efeitos acessórios. Entre estes encontra-se o Trastuzumab. Trata-se de um anticorpo específico para as células cancerígenas HER2+.

O seu mecanismo de acção consiste em bloquear os receptores HER2 situados na membrana celular, tornando mais lento ou mesmo parando o crescimento do tumor.

A sua administração em mulheres com cancros com sobreexpressão HER2 aumenta o número de casos em que, após o tratamento, quando se faz a cirurgia, a análise ao microscópio da peça operatória não revela tumor: o mesmo regrediu completamente sob a acção do fármaco. Na maior parte dos casos é administrado preventivamente após a cirurgia/radioterapia e/ou quimioterapia, durante um ano.

Esta terapia pode provocar febre, náuseas e vómitos, diarreia, alterações da pele e ainda dificuldades respiratórias e alterações cardíacas. Todos estes sintomas são raros.

Há outros fármacos em estudo, nomeadamente vacinas para o cancro da mama, mas que ainda estão em fase de experimentação. Idealmente, os tratamentos deveriam ser personalizados de acordo com as características do tumor, uma espécie de tratamento à la carte.

Os ensaios clínicos correspondem a estudos de investigação de novas formas de tratamento e de prevenção da recidiva do cancro. Podem ser úteis em alguns casos, podendo a doente beneficiar de novas abordagens terapêuticas que se mostraram promissoras em fases anteriores da investigação. A doente tem sempre de dar o seu consentimento depois de devidamente esclarecida.

Fonte: 34 Copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade, Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em Senologia), editora Academia do Livro

http://saude.sapo.pt/saude-medicina/saude-no-feminino/artigos-gerais/a-imunoterapia-no-cancro-da-mama.html


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