segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O pêlo: conhecer para atuar

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O pêlo: conhecer para atuar
É fundamental conhecer a fisiologia do pêlo para, posteriormente, optar pela técnica de epilação mais adequada ao seu caso.


O pêlo é um dos anexos da pele, distribuído em praticamente toda a superfície do corpo com exceção da palma das mãos, plantas dos pés e mucosas.

Os pêlos são delgadas estruturas mortas de substâncias queratinizadas (córnea), de forma cilíndrica, derivada de um anexo da epiderme, o folículo piloso. A queratina é uma substância que fornece proteção a toda superfície do corpo.

O pêlo compreende três partes principais:



1. Haste ou Talo
A parte livre é a Haste ou Talo; é a porção que sai sobre a pele, formada de células queratinizadas; é constituída de células mortas, queratinizadas. A haste é formada por 3 camadas, todas queratinizadas:

a) Epidérmica ou Cutícula: células córneas, transparentes, não pigmentadas, de disposição semelhante às escamas de peixe. É um aglomerado de células sobrepostas, tais como telhas sobre o telhado. A cutícula é composta de queratina, a mesma substância que forma a camada superior da pele. A cutícula não permite que substâncias químicas nocivas penetrem no núcleo do cabelo e protege-o da excessiva evaporação de água. As escamas compõem-se de 3 partes:Endocutícula: região interior, resistente; Exocutícula: região média, frágil; Epicutícula: fina membrana que envolve as escamas

b) Córtex: Células mortas, alongadas e fusiformes. É a área onde está localizada a melanina, que determina o tipo e a cor de cabelo e representa 90% de volume do cabelo.

c) Medula: É constituída pelo empilhamento de células mortas, às vezes separadas por bolhas de ar. Região facilmente penetrável pelos corantes.

2. Raiz
A parte profunda, localizada abaixo da pele, implantada no folículo chamada raiz, constituída de células vivas, divide-se em duas partes: a parte terminal, base mais dilatada (alargada), é o bulbo, a base desenvolvida da raiz, escavado no centro por onde penetra um botão conjuntivo solto chamado papila dermal.

O Bulbo é a extremidade profunda da raiz. É constituída de uma cavidade oca onde se localiza a papila ricamente vascularizada e provida de fibras nervosas. A papila contém provisões de sangue e outros elementos essenciais para o crescimento do pêlo. A papila não faz parte do folículo, é um órgão separado que serve ao folículo. A raiz está localizada na invaginação epidérmica, a parte superficial do folículo apresenta-se em forma de funil, chamada funil folicular, que se abre na parte pêlo óstium folicular. O folículo piloso é uma invaginação da epiderme.

3. Região inferior do folículo

Cuja extremidade profunda é constituída de uma cavidade onde está inserida a papila, que contém um sistema vascular e nervoso. Derivado de anexo peculiar da epiderme (folículo piloso), o pêlo é uma estrutura córnea cilíndrica. A base do folículo piloso possui uma pequena proteção dérmica chamada papila. Logo acima da papila está uma camada de células epidérmicas chamada matriz.

As células da matriz dividem-se e movimentam- se em direção à superfície, dentro do folículo. Essas células vão transformando-se gradualmente em fibras pilosas. O folículo piloso recebe uma secreção denominada sebo, oriunda da glândula sebácea. Esta secreção lubrifica o pêlo. A papila e o folículo possuem uma rede de vasos sanguíneos e fibras nervosas. O folículo possui uma cutícula, uma camada epitelial interna e externa. O músculo Pilo-eretor fica na porção superior permanente do folículo.

Tipos de pêlo
Os pêlos começam a desenvolver-se durante o início do período fetal, mas só se tornam claramente visíveis mais ou menos na vigésima semana. São primeiro visíveis nas sobrancelhas, lábios superiores e queixo.

Esses pêlos delgados denominados Lanugem são substituídos durante o período perinatal por outros mais densos chamados velos (do lati vellum - lã grossa), que persistem na maior parte do corpo, exceto nas regiões axilar e pubiana, onde são substituídos na puberdade por pêlos terminais mais espessos.

Nos indivíduos do sexo masculino também aparecem pêlos terminais similares na face e tórax. Resumindo: os pêlos classificam-se em dois tipos básicos:

1. Lânugo Vellus

Também são chamados de primários ou fetais. O velo é o pêlo fino, suave, macio e rebaixado, encontrado na face, nariz, fronte, orelhas e cobre quase todo o corpo; normalmente falta pigmentação e cresce superficialmente desde uma glândula sebácea. Se esta glândula sebácea for estimulada pêlo sistema glandular ou qualquer irritação tópica poderia desenvolver um folículo que produziria um pêlo terminal. O suprimento de sangue à papila determina a vitalidade do crescimento do pêlo e do seu folículo.

Na sua primeira etapa de mudança o lanugo é chamado de lanugo acelerado. Quando já começa a ter pigmentação e a desenvolver o seu folículo, o bulbo começa a formar-se e a estimulação contínua converte-se num pêlo terminal superficial e, neste ponto, começará a absorver provisões de sangue na derme. A lanugem acelerada cresce mais lentamente, levando dois ou três meses antes de reaparecer, depois de cortada ou depilada, fica inativa por seis a oito meses antes de cair.

2. Pêlo terminal
Também chamados de terciários, são pêlos grossos com raízes profundas, fortes, possuem pigmentação ou cor e são os que crescem no couro cabeludo, barba, axilas, região púbica e outras partes do corpo. Curtos e pouco flexíveis como os cílios e superficiais, possuem uma raiz e bulbo bem desenvolvidos e nascem de um folículo subcutâneo. O pêlo terminal possui três extratos concêntricos:

- Cutícula: película que reveste o pêlo, serve de proteção contra a penetração de agentes químicos no interior do pêlo e mantém a resistência do mesmo. É composta por uma capa de células escamosas, que se sobrepõem como as escamas de um peixe, direcionadas para a ponta. Não contém pigmento e dá elasticidade ao pêlo. As suas escamas entrelaçam-se com a capa interior no fundo do folículo.

- Córtex: constitui a massa do pêlo provida de forte membrana e consiste em células alongadas húmidas e apertadas umas contra as outras, formada de grãos de melanina que vão dar cor o pêlo, parte sólida e resistente. A pigmentação do pêlo processa-se graças à presença de melanócitos que se dispõem entre a papila e o epitélio da raiz do pêlo e fornecem a melanina. A melanina e os grandes espaços aéreos intra e intercelulares, situados no córtex determinam em grande parte o brilho e as tonalidades das cores do cabelo por influencia da reflexão da luz.

- Medula: camada profunda, constitui o centro do pêlo e é composta por largas células soltas queratinizadas. A medula pode ser contínua e descontínua, variando dentro do mesmo pêlo. A queratina pilosa é uma proteína fibrosa insolúvel. A cor, tamanho e disposição dos pêlos variam de acordo com a raça e região do corpo.

Estão presentes em praticamente toda a superfície do mesmo, com exceção de algumas regiões bem delimitadas. São estruturas que crescem descontinuamente intercalando fases de repouso com fases de crescimento. A duração das fases é variável de região para região. No couro cabeludo humano, por exemplo, a fase de crescimento é muito longa, durando vários anos enquanto que a fase de repouso é da ordem de três meses.

Fatores que intervêm no ciclo piloso

- Fatores genéticos - étnicos e familiares
- Desenvolvimento fetal - a hipotrofia fetal pode levar a redução dos bulbos e uma excessiva fissura dos cabelos
- Fatores nutricionais - carência de aminoácidos, metais (cálcio, ferro, zinco e cobre, vitaminas: B5, B6, H, PP, A, E e C
- Fatores hormonais - a sensibilidade às hormonas andrógenas estão geneticamente programadas. Os andrógenos associam-se a determinadas enzimas e ocorre o surgimento da Dihidrotestosterona, que age sobre o folículo piloso: provocando a inibição do crescimento do cabelo e aumentando o tamanho e a secreção da glândula sebácea.
- Outros fatores - psicológicos, medicamentosos, patológicos, fisiológicos, químicos e físicos

Alterações que os pêlos podem sofrer:
 - Hirsutismo
Caracteriza-se pêlo aumento na quantidade de pêlos e das suas características, conferindo, em geral à mulher, uma caracterização sexual, que não a sua. As causas mais comuns:

a) Ovarianas: síndrome de ovários policísticos; tumores ovarianos isolados
b) Suprarrenais: hiperplasia suprarrenal congénita; doença de Cushing; Prolactinoma
c) Terapia androgenética
d) Hirsutismo idiopático, ou seja, sem causa aparente
e) Stresse
f) Obesidade
g)Hipertricose

É toda a alteração do pêlo, não relacionada à causa hormonal, sendo quase sempre associada a alterações cutâneas como nervos (que são alterações para mais ou menos de estruturas da pele), cistos dermoides, etc.

- Alopecia
É quando diminui a quantidade de pêlos, podendo ser genética ou adquirida por problemas na gestação, recuperação cirúrgica, medicamentosa, etc.

Fases do pêlo
O ciclo de crescimento do pêlo é um processo que ocorre em três fases:

1. Fase Anágena
Quando as células germinativas se multiplicam intensamente produzindo o talo, o que se manifesta pêlo crescimento constante do cabelo: 1 a 1,5 cm ao mês. Esta fase dura em média 3 anos e corresponde a 84% dos fios.

2. Fase Catágena
Fase de regressão, em que se interrompe a atividade das células matrizes: a mitose detém-se, o fio prende-se da papila e o bulbo queratiniza-se. Esta etapa dura em média 15 a 20 dias e corresponde a 1% dos fios.

3. Fase Telógena
O bulbo continua a sua ascensão até à superfície, pressionada por outro pêlo, logo abaixo, em fase anágena. Esta fase dura entre 60 a 90 dias e corresponde a 15% dos fios. Os cabelos estão geneticamente programados para realizarem, durante a vida, 24 a 25 ciclos de 3 ou 4 anos.


Texto: Estela Cardoso, Esteticista, Cosmetologista, Diretora do Centro de Formação Avançado da Advice
Ilustrações: Gentilmente cedidas pela autora

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