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Apesar da constipação comum e da gripe serem duas infecções causadas por vírus e provocarem um aumento da mucosidade, lacrimejo, espirros ou tosse, nem todos os seus sintomas coincidem. Os vírus que provocam estas duas infecções respiratórias altas são diferentes.
O processo gripal caracteriza-se por produzir uma temperatura corporal elevada, mal-estar geral e, por vezes, estomacal, dores no corpo e de cabeça, espirros e perda de apetite.
O seu vírus é mais contagioso do que o da constipação. Para além disso, afecta a população em geral, pode ter consequências graves, obrigar à hospitalização e levar à morte. A constipação comum apresenta, sobretudo, manifestações respiratórias como aumento de mucosidade e tosse, congestão e secreção nasal, sensação de picadas e ardor na garganta, mas não produz febre e o mal-estar é mais leve. A constipação afecta mais as crianças, dura menos tempo e as suas complicações são muito menos frequentes.
São ambas causadas por vírus (ainda que vírus diferentes), são muito contagiosas, têm uma alta incidência sobre a população e atacam nas estações frias. Chegam através das vias respiratórias e causam um grande mal-estar. Uma vez contraídas, a única coisa a fazer é aliviar os seus sintomas e reduzir a duração ou a intensidade do processo. Existem medidas eficazes para não as contrair ou para diminuir a sua intensidade. Apenas tem de as pôr em prática.
Estas duas infecções costumam ser confundidas. No entanto, não são a mesma coisa. Coincidem apenas no facto de saturarem as consultas médicas e de ainda estarem envoltas em muito desconhecimento.
De qualquer das formas, apesar da sua incubação, sintomas, evolução e tratamentos apresentarem certas diferenças, as medidas de prevenção são muito semelhantes, com uma excepção, só a gripe pode ser prevenida através da vacinação anual. Apesar destas medidas de protecção não serem eficazes a 100% (nem mesmo a vacina contra a gripe), ajudam a minimizar a possibilidade de contágio.
Se faz parte daquele grupo de pessoas que não prestam atenção aos conselhos médicos ou que, simplesmente, não os seguem, por acharem que se tiverem de adoecer, adoecem mesmo, independentemente daquilo que fizerem (como se fosse uma imposição do destino) está completamente enganado. O primeiro passo consiste em acreditar que a prevenção é eficaz, porque realmente funciona! Eis as 11 medidas higiénicas e naturais que pode adoptar para que os germes o respeitem:
1. Evite as aglomerações em lugares fechados
As mudanças na humidade relativa do ar fazem com que os vírus se multipliquem e penetrem mais facilmente nas mucosas nasais. Os ambientes fechados e lugares com muito fluxo de pessoas, como os centros comerciais, salas de espectáculos ou estádios e transportes públicos, aumentam as possibilidades de contágio, pelo que convém evitá-los.
2. Cuidado com os ambientes extremos ou mutáveis
Apesar do frio favorecer as infecções virais, não é o seu único elemento desencadeante. As mudanças bruscas de temperatura, como as que ocorrem ao passar de zonas climatizadas (no carro ou lugares fechados) para as condições naturais do ar livre, bem como as condições exageradas de secura ou humidade, favorecem a proliferação de vírus no ambiente e uma maior vulnerabilidade das nossas membranas aos seus ataques.
3. Afaste-se dos cigarros. Dos seus e dos alheios!
Os fumadores têm mais possibilidades de contrair uma infecção, tal como as pessoas que convivem habitualmente em ambientes com fumo. Fumar baixa as defesas do aparelho respiratório e da actividade imunológica em geral, favorecendo a entrada dos vírus e o facto de inspirar o fumo, mesmo de forma passiva, irrita os tecidos respiratórios, tornando-os mais vulneráveis.
Apesar de ser impossível viver em condições de isolamento (a única forma de evitar um contágio), pode-se evitar os ambientes com atmosferas carregadas.
4. Mantenha uma boa higiene
Lave as mãos frequentemente e, em especial, depois de estar em contacto ou cumprimentar uma pessoa que possa estar infectada. Tente não tocar nos olhos, nariz ou boca se não tiver antes oportunidade de as limpar convenientemente, já que o vírus pode chegar até si, após tocar em objectos contaminados. Se não tiver água, utilize um desinfectante de mãos (sem enxaguar).
5. Tome precauções perante pessoas infectadas
Quando o inimigo está em casa, limpe e desinfecte com frequência as superfícies onde a pessoa constipada ou engripada tocou, como as maçanetas das portas, os corrimãos das escadas, as mesas ou copos. Evite partilhar toalhas, loiças e utensílios e, sobretudo, não toque nos seus lenços, um autêntico viveiro de vírus. Os beijos, ou partilhar o mesmo alimento também não são recomendáveis porque o contacto é mais directo.
6. Actividade física regular
Caminhar uma hora por dia, treinar no ginásio duas vezes por semana ou andar de bicicleta, bem como a prática de qualquer exercício moderado em geral, reduz de forma significativa o risco de contrair este tipo de doenças. As pessoas com uma vida fisicamente activa têm o seu sistema imunológico mais bem preparado para se defenderem da imensidão de vírus que existem no ambiente e que nos podem atacar a qualquer momento.
7. Conheça as formas de contágio
As gotas de saliva expelidas ao falar, tossir ou espirrar são as principais causas de contágio. São partículas com vírus que chegam aos 20-25 m metros de distância.
Não desaparecem imediatamente, permanecem activas no ar que respiramos, nos objectos que nos rodeiam e na pele, durante bastante tempo.
São mais contagiosas durante os primeiros dias da doença, mas depois o seu poder de infecção decresce.
8. Se as suas defesas baixarem, esteja alerta!
As possibilidades de contágio e de complicações provocadas pela gripe e pela constipação são maiores nas crianças, que têm as suas defesas imaturas, e nos idosos, que as têm debilitadas. Nas pessoas com doenças crónicas, como diabetes, asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), doenças cardíacas ou pulmonares, ou que têm as suas defesas diminuídas por qualquer outro motivo, a infecção pode ter complicações bem mais graves. Nestes casos convém levar as precauções ao extremo e consultar o médico.
9. Vírus sob controlo em ambiente humidificado
Manter as vias respiratórias húmidas e uma temperatura ambiental moderada, entre os 18 e os 20 graus, evita que as mucosas fiquem ressequidas e, por conseguinte, com fraca capacidade protectora. O vapor emitido pelo humidificador eléctrico humedece as membranas mucosas do nariz e da garganta, facilitando a captura e a expulsão dos germes. No caso de crianças com menos de dois anos e dos lactentes, é aconselhável fazer-lhes uma limpeza periódica com soro fisiológico e um aspirador nasal. As inalações de eucalipto também são benéficas.
10. Beba líquidos com abundância
A hidratação é o mucolítico mais poderoso, ou seja, faz com que as secreções nasais sejam mais fluídas e capturem e bloqueiem os germes. Beba entre 1,5 e 2 litros de líquidos por dia (água, caldos, sumos de fruta, etc), e deixe de lado os refrescos, as colas e as bebidas com cafeína, e em especial o álcool porque provoca desidratação.
Comer rebuçados de mentol, por exemplo, também é benéfico, pois aumentam a secreção de saliva, amolecendo a dureza da mucosa faríngea, o que reduz a irritação nesta zona.
11. Equinácia e propólis
«Apesar de não existir qualquer evidência científica sobre o carácter preventivo destas duas substâncias, há quem refira resultados positivos com o seu uso», refere Isabel Santos, regente da disciplina de Medicina Geral e Familiar na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. A equinácia é uma planta medicinal que se considera ser estimulante das defesas naturais, pela sua acção na produção e actividade dos macrófagos, linfócitos, leucócitos e outras células que combatem os vírus, ajudando a impedir que as infecções se desenvolvam. Nesta circunstância, recomenda-se começar o tratamento 15 dias antes do início da época fria, com gotas ou comprimidos.
Outra opção para reforçar a prevenção é o propólis, uma substância elaborada pelas abelhas, que se utiliza como agente preventivo devido às suas propriedades activadoras do sistema imunológico. É considerado por alguns como um antivírico potente, eficaz para proteger das doenças das vias respiratórias superiores e inferiores. Para além disso, é revigorante e contém vitaminas, aminoácidos essenciais e minerais.
Relaxamento e vitamina C para combater o stress
Desportos intensos, trabalhos exigentes, épocas de exames, situações conflituosas, excesso de esforço físico e mental, ritmo de vida vertiginoso, problemas financeiros.
O stress deprime o sistema imunológico, facilitando o contágio das infecções respiratórias. Qualquer técnica de relaxamento, desde a meditação ao yoga, até às respirações profundas e os alongamentos ajudam a contrariar os seus efeitos negativos e a reforçar a barreira defensiva contra o vírus.
Por outro lado, e apesar de alguns estudos descartarem a hipótese da vitamina C ajudar a prevenir as doenças virais na população em geral, os especialistas concordam que as pessoas submetidas a um stress contínuo ou severo podem beneficiar com o seu consumo e reduzir o risco de adoecer.
Apesar do papel protector dos suplementos vitamínicos não ser claro, há um consenso relativamente ao facto da ingestão desta vitamina antioxidante através dos alimentos ajudar a aumentar a resposta do sistema imunológico perante o vírus. Por isso, continua a ser aconselhável reforçar a ingestão de vitamina C, durante os meses de maior risco, através de frutas e dos seus sumos, especialmente citrinos e quivis, e de verduras, como batata-doce, couves, pimentos, espinafres, tomate, batatas cozidas com casca e vegetais verdes no geral.
Vacina contra a gripe
A imunização é a melhor arma para combater a gripe em grupos de pessoas com um risco acrescido. Para saber se deve vacinar-se deve falar com o seu médico.
A imunização está indicada, sobretudo, para pessoas com mais de 65 anos, doentes crónicos (pulmonares, cardiovasculares ou metabólicos), pessoas imuno-deprimidas e grupos expostos a contrair ou a propagar a doença, como profissionais de saúde, professores, assim como pessoas que vivam em lares ou estejam em contacto com pacientes de risco.
Os vírus da doença mudam aos poucos e a vacina é modificada todos os anos, para que seja o mais eficaz possível, razão pela qual o facto de se ter vacinado no ano anterior não confere protecção para o ano em curso. O início da campanha de vacinação determina a época em que o vírus começa a circular. Normalmente ocorre em finais do Outono e princípios do Inverno.
A protecção da vacina antigripal pode durar até um ano e chegar aos 70 a 90%, apesar de depender da idade e saúde da pessoa, e da semelhança entre os vírus circulantes e os da vacina. Em todo o caso, consegue reduzir a gravidade da gripe, no caso de contrair a doença. A vacina, que é administrada numa dose, começa a fazer efeito passadas duas semanas após a sua aplicação, pelo que convém recebê-la quando os vírus começam a circular, se bem que é igualmente útil se for administrada mais tarde.
Algumas pessoas têm uma leve reacção à vacina que surge entre as seis e as 12 horas seguintes e que consiste em febre, mal-estar e outros sintomas que podem ser confundidos com uma infecção gripal. Esta reacção desaparece em 24 ou 48 horas. «A vacina da gripe não confere imunidade para a vulgar coriza (inflamação aguda da mucosa nasal) ou constipação. Por isso não espere que a vacine lhe traga um ano sem constipações. Isso poderá não acontecer», conclui Isabel Santos.
Texto: Madalena Alçada Baptista com Isabel Santos (regente da disciplina de Medicina Geral e Familiar na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa)
A responsabilidade editorial desta informação é da revista "Prevenir"
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