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Conserve a sua visão
Como proteger a saúde dos seus olhos a cada instante. Todos os dias!
A saúde visual herda-se. Legitimada pela ciência, esta ideia é fundamentada por problemas como a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia.
Nesses problemas, a componente hereditária é determinante, mas deixa de fora o papel do meio ambiente e do estilo de vida para potenciar ou atenuar a expressão genética das doenças oculares.
Neste texto, centramo-nos naquilo que cada um pode fazer para preservar a qualidade da sua visão já que, como afirma o médico oftalmologista Luís Gouveia Andrade, «vale a pena tudo fazer para poupar os nossos olhos, estimá-los e utilizá-los nas melhores condições possíveis». Sem eles, não veria o mundo da mesma forma!
No trabalho
Computador, televisão, telemóveis e outros aparelhos têm fama de serem inimigos dos olhos, mas «não está demonstrada uma relação directa entre esse uso e algum tipo de doença ocular», afirma Luís Gouveia Andrade, médico do Hospital CUF Infante Santo, em Lisboa. Segundo a American Academy of Ophtalmology (AAO), o uso prolongado destes equipamentos «não causa danos permanentes nos olhos, mas pode secá-los e cansá-los».
O descanso é, por isso, uma das chaves para a saúde visual. «É útil não manter os olhos muito tempo focados à mesma distância, sobretudo para o perto, de modo a não sobrecarregar os músculos que executam a focagem. Focar ao perto e ao longe ao longo do dia minimiza o cansaço visual e garante um melhor funcionamento desses músculos», justifica o especialista.
Em casa
Para além de fazer pausas regulares quando lê, escreve ou trabalha «ao perto», dormir o suficiente é essencial. «Quando se dorme menos do que o necessário os olhos podem ficar irritados. A irritação continuada pode causar o inchaço e infecção dos olhos, sobretudo se usa lentes de contacto», lê-se no site oficial da AAO.
Os cuidados cosméticos dos olhos são também determinantes. As glândulas sebáceas das pálpebras segregam gordura que protege o olho, pelo que, para evitar que bloqueiem, não deve aplicar maquilhagem abaixo da linha das pestanas. As recomendações da AAO aconselham ainda a não partilhar produtos de maquilhagem, a remover a pintura (sobretudo a máscara) antes de dormir, a evitar o contacto do desmaquilhante com o interior dos olhos e a introduzir apenas um novo produto de cada vez para que, em caso de reacção alérgica, a razão seja mais fácil de identificar.
À mesa
Uma alimentação variada não devolve capacidade de visão a quem a perdeu nem cura problemas oculares, mas a ciência sugere que reduz o risco de problemas associados à idade, como a degenerescência macular, cataratas e a secura ocular. Pode ser também decisiva para afastar a diabetes, a hipertensão arterial e problemas cardiovasculares, três dos factores de risco mais importantes para problemas visuais.
Segundo Luís Gouveia Andrade, «as vitaminas A, C e E, a fruta e os vegetais são os componentes-chave para uma boa função visual». Citrinos, óleos vegetais, nozes, grãos integrais, vegetais de folha verde e peixes de água fria são algumas das opções mais benéficas, indicam as recomendações da AAO, que destaca o papel de nutrientes como o zinco, a luteína, a zeaxantina e o ómega-3. A saúde visual feminina pode ainda ser protegida com a ajuda de suplementos de ácido fólico e vitaminas B6 e B12, mas previamente deve pedir conselho ao oftalmologista sobre os riscos e contra-indicações.
Ao ar livre
O sol «pode causar lesões quer superficiais, como conjuntivite, queratite e alergia, quer profundas, como catarata e degenerescência da mácula, pelo que é importante utilizar óculos de sol com a protecção adequada para que a radiação ultravioleta não possa lesar as células dos olhos», refere Luís Gouveia Andrade. Uma vez que «o impacto será tanto maior quanto mais prolongada e intensa for a exposição», não esqueça os óculos polarizados para desportos náuticos.
A ameaça do sal e do cloro
Nas aventuras aquáticas é útil recorrer a óculos de natação, pois o sal e o cloro «podem causar irritações ou fenómenos alérgicos e o cloro pode secar os olhos», alerta o especialista.
O médico oftalmologista desaconselha o uso de lentes de contacto na praia, «já que a sua superfície porosa facilita a aderência de impurezas e microrganismos presentes na água e capazes de provocar infecção grave».
No oculista
Os óculos ideais têm armações leves e lentes orgânicas, já que «o vidro é mais pesado e pode partir-se, danificando os olhos».
Em óculos de sol, «a cor castanha é a mais confortável e a protecção anti-UV deve ser próxima de 100 por cento. Uma armação generosa permite uma protecção melhor», explica Luís Gouveia Andrade. O tratamento
anti-reflexo «é útil para quem trabalha em espaços fechados com luz artificial, enquanto o anti-risco é pouco importante e não substitui a utilização cuidadosa dos óculos», sublinha.
O material de que são feitas as lentes de contacto «é muito frágil e permite facilmente a implantação de bactérias e outros microrganismos que podem causar infecções, sendo esse risco tanto maior quanto menos cuidado se tiver na utilização». Por minimizarem estes factores, «as diárias são a opção ideal, desde que usadas no máximo oito a dez horas por dia e respeitando o prazo de validade», aconselha. Se tem antecedentes de alergias ou pouca lágrima, não use lentes de contacto.
Texto: Rita Miguel com Luís Gouveia Andrade (médico oftalmologista)
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